
Brasil pode liderar corrida verde com biocombustíveis, mas alerta para risco de desigualdades no comércio internacional com aumento dos custos logísticos
A aprovação de uma taxa global sobre emissões de carbono no transporte marítimo marca um novo capítulo na luta contra as mudanças climáticas e deve entrar em vigor em 2027, com pagamentos a partir de 2028. A medida, impulsionada pela Organização Marítima Internacional (IMO), visa reduzir em 50% as emissões do setor até 2035 e zerá-las até 2050. Embora abra caminho para combustíveis renováveis, como o etanol e o biodiesel, também acende um alerta para países em desenvolvimento, que podem ser penalizados por custos logísticos mais altos e menor acesso a tecnologias de transição.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Brasil tem um papel estratégico nesse novo cenário por sua expertise em biocombustíveis e matriz energética limpa. No entanto, sem mecanismos de compensação, o país — que já enfrenta longas rotas de exportação e trabalha com cargas de menor valor agregado — pode sofrer perdas competitivas. “Há um risco de aprofundar desigualdades econômicas e sociais no comércio global”, afirma Jefferson Gomes, diretor da CNI, que também alerta para o uso político da pauta ambiental por potências industriais.
Apesar dos desafios, a CNI vê uma oportunidade concreta de o Brasil se consolidar como fornecedor de combustíveis sustentáveis, como o SAF e o combustível marítimo renovável. Para isso, será necessário investir em políticas públicas, inovação e articulação internacional, desmontando mitos sobre a concorrência entre alimentos e energia e fortalecendo as cadeias produtivas verdes.