A CNI (Confederação Nacional da Indústria) recebeu com indignação a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central de aumentar a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual. Para a entidade, além de ser equivocado, o movimento de alta foi intensificado, já que o Banco Central subiu o ritmo de aumento em 0,25 ponto percentual frente à reunião anterior.
“É importante observar que a inflação tem sido impactada por fatores sobre os quais a política monetária não tem efeito. Por isso, a elevação na Selic apenas irá trazer prejuízos desnecessários à atividade econômica, com reflexos negativos em termos de criação de emprego e renda para a população”, diz o comunicado da CNI.
No cenário doméstico, o quadro segue sendo de controle da inflação. Afinal, ruídos passageiros não podem se sobrepor à tendência traçada pelos núcleos de inflação, indicadores que eliminam do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) os itens com preços mais voláteis. A média dos 5 principais núcleos de inflação no acumulado em 12 meses até setembro foi de 3,8%, enquanto essa média havia registrado 4,3% no acumulado em 12 meses até dezembro de 2023.
Além disso, a CNI destaca que as acelerações do IPCA em setembro e do IPCA-15 em outubro estão concentradas na alta dos preços de energia elétrica e alimentos, que, por sua vez, estão ligadas a fatores conjunturais, com destaque para as secas extremas. Logo, esses resultados não asseguram mudança significativa na tendência da inflação.
Apesar do aumento, o Brasil caiu para o terceiro lugar em ranking de juros reais, tendo sido ultrapassado pela Rússia, que promoveu alta de dois pontos percentuais. Os dois países foram os únicos da lista a elevar taxas.