
Aumento de mais meio ponto na taxa de juros deverá trazer consequências negativas para emprego, renda e bem-estar da população
A elevação da taxa Selic para 14,75% ao ano, decidida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), representa o maior patamar em quase duas décadas e amplia os desafios para a economia brasileira. Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a medida intensifica a desaceleração econômica, com impactos negativos sobre o emprego, a renda e o investimento. A entidade alerta que, mesmo com a justificativa de combate à inflação, a alta dos juros ocorre em um contexto de desaceleração já em curso, o que pode agravar ainda mais a perda de dinamismo econômico.
A CNI destaca quatro fatores que deveriam ter sido levados em conta antes de um novo aumento: os efeitos defasados da política monetária já em vigor; a taxa de juros real já suficientemente alta; o cenário internacional de valorização do real frente ao dólar; e a retração fiscal em curso. Para 2025, a estimativa de crescimento do PIB foi reduzida para 2,3% e, segundo a entidade, esse pode ser o pior desempenho da economia em cinco anos, consequência direta de uma política monetária excessivamente contracionista.
A entidade também chama atenção para três riscos associados à Selic elevada: desestímulo ao investimento produtivo, aumento dos custos financeiros para as empresas e elevação do custo da dívida pública — que pode crescer R$ 50 bilhões a cada ponto percentual acrescido na taxa básica. Como alternativa, a CNI defende o uso de instrumentos complementares, como o aumento dos depósitos compulsórios, e a construção de um pacto nacional por responsabilidade fiscal, que ajude a conter a pressão por gastos públicos e colabore com a estabilidade macroeconômica.