SALONE DEL MOBILE SE REUNE HOJE PARA AVALIAR A EDIÇÃO DE 2020

Os organizadores do Salone del Mobile de Milão se reunirão esta tarde para decidir se devem prosseguir com a feira de móveis deste ano, cancelá-la ou adiá-la devido ao surto de coronavírus da Itália.

“No final da tarde, haverá uma reunião”, confirmou um porta-voz do Salone del Mobile. “Esperamos ter mais informações até o fim da noite e poder prestar esclarecimento”.

A reunião, marcada para as 16 horas, horário italiano, ocorre depois que sete pessoas morreram infectadas com o vírus no norte da Itália. O governo declarou estado de emergência e colocou em quarentena uma dúzia de pequenas cidades próximas a Milão.

Muitos designers esperam que o maior e mais importante evento de móveis do mundo, seja adiado, com setembro sendo a alternativa mais provável. Outros estão pedindo a mudança da feira para junho ou julho.

“Algumas grandes empresas italianas estão pressionando para adiar”, disse um designer milanês a Dezeen. “Este evento é muito importante para a Itália, muito caro para as marcas e, se houver risco de um grande fracasso, acho que vale a pena mudar para outro mês”.

 

Adiamento descrito como “inevitável”

Um dos principais designers descreveu o adiamento como “inevitável”, enquanto outro disse que a feira deste ano não deveria ter sido lançada. No entanto, outro designer milanês disse que o evento “provavelmente será cancelado”.

Algumas marcas líderes já decidiram não aparecer em Milão este ano, enquanto outras aguardam ansiosamente o Salone del Mobile, que será realizado de 21 a 26 de abril.

“Inúmeros cancelamentos estão chegando a Milão, especialmente chineses e asiáticos em geral”, disse Confapi Matera, um órgão comercial que representa negócios na região de Matera, no sul da Itália.

Na semana passada, a organização pediu que a feira fosse adiada. “O risco de fracasso da feira preocupa os empresários locais, que terão que arcar com os custos de participação”, afirmou.

 

Itália é o país mais afetada na Europa

Entende-se que políticos e empresas locais desejam mudar a feira para o final do ano para evitar a realização do evento sob a sombra do vírus, com o risco dos visitantes não comparecerem e o evento ser um fracasso comercial.

Os preparativos de algumas marcas foram afetados por interrupções na cadeia de suprimentos devido ao fechamento de fábricas por conta do coronavírus na China e às crescentes restrições de movimento nas províncias da Lombardia e Veneto, no norte da Itália, onde muitas empresas de design têm fábricas.

Os moradores de Milão estão divulgando esta semana ruas e lojas vazias na cidade, enquanto os trabalhadores ficam em casa como medida de precaução desde o repentino surto do vírus no fim de semana.

Mais de 270 pessoas na Itália obtiveram o resultado positivo para os testes de Coronavírus, tornando o país o mais afetado da Europa.

 

“Seria estúpido fazer Fuorisalone sem Salone”

As autoridades italianas agiram rapidamente para isolar as cidades afetadas, o que muitos observadores veem como uma estratégia deliberada para acabar com o surto, para que o Salone del Mobile, que é o evento mais importante e lucrativo do calendário de Milão, possa ir adiante.

No ano passado, o evento recebeu mais de 380.000 visitantes de mais de 181 países. Dos 2.418 expositores, 34% eram do exterior.

No entanto, o Salone del Mobile oficial é apenas uma parte, o componente principal da extensa semana de design de Milão, que tem centenas de eventos é o “fuorisalone”, ocorrendo em toda a cidade.

Esses eventos são independentes do Salone, mas muitos observadores acham que, sem a feira oficial para ancorar a semana, os eventos isolados podem decidir adiar ou cancelar também.

“Seria estúpido fazer o Fuorisalone sem o Salone”, disse um organizador do evento, acrescentando que a situação era “muito estressante”.

“O Salone precisa decidir em breve”, acrescentou o organizador. “Se não, as pessoas não terão tempo para se reorganizar”.

Algumas empresas que estarão participando apenas do Fuorisalone querem ir mesmo que cancelem a feira”, disse outro designer.

“Mas se eles pararem a feira, eu pararei todos os eventos que tenho na cidade. É realmente estúpido dividir as partes. Um nasce do outro e eles precisam que o outro seja forte.”

O surto de coronavírus foi relatado pela primeira vez em Wuhan, China, em dezembro de 2019. O vírus já infectou mais de 80.000 pessoas em 36 países e o número de mortos agora é de mais de 2.700. Isso levou ao adiamento de vários eventos de design na China, incluindo o Design Shanghai e o Festival of Design.

Na Europa, o surto também teve impacto nas feiras de design. Os organizadores do MIDO, o maior evento de óculos do mundo, anunciaram o adiamento do evento 2020 em Milão, enquanto a feira Light + Building em Frankfurt foi adiada para setembro.

 

Imagem: Sergio Boscaino

Fonte: Dezeen