Internacionalização da indústria brasileira de móveis é destaque na mídia

Mostra da ETEL em Milão, na Itália, na Semana de Design de Milão 2023 – Foto: Filippo Bamberghi

“Avanços nos planos de internacionalização de gigantes do setor comprovam a força e a boa imagem do ‘design made in Brazil’.” É o que destaca a matéria assinada pela jornalista Guiliana Capello para a CASA VOGUE. 

O conteúdo reforça a expansão de marcas brasileiras de mobiliário de luxo no mercado internacional, em especial nos Estados Unidos e no Oriente Médio, trazendo um panorama da indústria nacional e sua participação no comércio global com o apoio da ABIMÓVEL (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário) e da ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), organizadoras do Projeto Setorial Brazilian Furniture, que contribuem para a matéria com indicadores e análises de mercado.

Leia o conteúdo completo abaixo: 

Espaço da Artefacto em Coral Gables, na Flórida, nos Estados Unidos - Foto: Tracey Benson

Marcas brasileiras de mobiliário de luxo apostam nos EUA e Oriente Médio para expandir os negócios

Consolidadas como referência nacional quando o assunto é mobiliário de alto padrão, marcas brasileiras – a maioria com lojas nas principais capitais do país – estão expandindo cada vez mais suas fronteiras de olho em novos mercados além-mar. Para se ter uma ideia desse movimento, somente em 2022, o setor moveleiro nacional exportou produtos para 162 países. “Foram mais de 21,8 milhões de peças e mais de US$ 830,7 milhões em receita, segundo dados levantados pelo IEMI [empresa de inteligência de mercado] com exclusividade para o Projeto Setorial Brazilian Furniture”, diz Cândida Cervieri, diretora-executiva da ABIMÓVEL, em menção à iniciativa desenvolvida em parceria com a ApexBrasil para promover as exportações do segmento.

De acordo com a executiva, mesmo diante da crise econômica e os conflitos internacionais que trouxeram problemas logísticos e na cadeia de abastecimento, o setor vem mostrando resiliência e um sólido projeto de expansão. “Em 2022, crescemos 5,3% em volume de peças e 29% em valores exportados, na comparação com 2019, ano pré-pandemia”, afirma. E 2023 já se mostra otimista. As ações do Brazilian Furniture na Feira do Móvel de Milão, em abril, motivaram um networking com mais de 5 mil contatos (um salto de 193% em relação a 2022) e ultrapassou US$ 36,6 milhões em negócios prospectados. Da mesma forma, em maio, na respeitada ICFF (Feira Internacional de Móveis Contemporâneos), em Nova York, a participação de empresas e designers brasileiros rendeu mais de 3.350 contatos (sendo 87% novos parceiros) e cerca de US$ 106,8 milhões em negócios fechados e prospectados. 

Rumo ao Oriente De acordo com a ApexBrasil, os EUA são o principal destino das exportações de móveis brasileiros, com 40% do total exportado. “Esse é um mercado altamente diversificado e com capacidade de absorver todos os nichos dos móveis brasileiros, desde o mais básico até o de mais alto padrão”, avalia Clarissa Franco, gestora do projeto Brazilian Furniture na ApexBrasil. 

Ainda assim, com um panorama favorável, empresas brasileiras renomadas têm ido além das fronteiras do Tio Sam para alavancar as exportações e consolidar a marca internacionalmente. Em especial, os olhares se voltam para os sofisticados mercados de luxo do Oriente Médio. “O boom da construção nessa região tem aumentado a demanda por móveis, principalmente de alto padrão, em virtude do gosto e consumo das classes mais elevadas nesses países, o que tem despertado o interesse da indústria moveleira brasileira, que possui produtos de altíssima qualidade, com design diferenciado e inovador e preço competitivo, capazes de atender esse público tão exigente”, completa Clarissa. 

Uma que está de malas prontas com destino à Arábia Saudita é a Artefacto, fabricante de mobiliário de luxo com mais de 45 anos de história no Brasil e 20 anos desde a abertura da primeira loja em Miami (feito celebrado ano passado com um novo endereço, de 5 mil m², em Coral Gables, Flórida). “Até o final de 2023, teremos nosso showroom na capital Riad e já registramos a marca em Dubai, Catar e Kwait, pensando em expandir nosso alcance na região nos próximos anos”, conta Paulo Bacchi, CEO da Artefacto. “Escolhemos Riad porque é o maior mercado de interior design e é o que mais vai crescer no curto prazo, com os fortes investimentos no turismo do país”, afirma. Com as novas lojas, incluindo uma a ser inaugurada em breve em Austin, Texas, a ideia é que as exportações da marca, que hoje representam 40% das vendas, sejam o carro-chefe da empresa a partir de 2024.

Espaço da Artefacto em Coral Gables, na Flórida, nos Estados Unidos - Foto: Tracey Benson

Outra a desbravar o Oriente é a Ornare, marca de mobiliário de luxo sob medida, líder do setor high-end no Brasil e a primeira a pousar em Dubai. Na efervescente capital dos Emirados Árabes, a empresa inaugurou em 2022 um showroom no sétimo andar do edifício The Opus, um dos últimos projetados pela arquiteta Zaha Hadid. O endereço é comandado pelas arquitetas brasileiras Carina Fontes e Shalise Basso e nasce 16 anos depois da primeira loja da marca no exterior, em Miami. 

Os planos não param por aí. Ainda no segundo semestre deste ano, a marca deve chegar a Riad, na Arábia Saudita, e New Jersey e Palm Beach, nos EUA. “No início da nossa trajetória de internacionalização, avaliamos que a região da Flórida era muito propícia, tinha mercado para nossos produtos, além da vantagem de acesso ao Porto de Miami e ao Design District. Mas o momento agora aponta também para o Oriente, com seu grande mercado consumidor de itens de luxo”, avalia Esther Schattan, cofundadora da marca ao lado do marido, Murilo Schattan. Com 16 endereços no Brasil e outros dois previstos até o fim do ano, a Ornare conta com oito lojas nos EUA, nas cidades de Nova York (em Manhattan e Brooklyn), Dallas, Los Angeles, Houston, Hampton, Miami e Greenwich. Hoje, 35% da produção da fábrica em Cotia, SP, segue para exportação. Com as expansões, a meta é chegar a 40% já no ano que vem.

Estreia com estilo

Projeto Breton em Dubai, onde nova loja irá ocupar esquina com quase 3 mil m² - Foto: Divulgação/Breton

Iniciando seus negócios no exterior, a marca de mobiliário de alto padrão Breton, que tem hoje 17 lojas no Brasil e deve fechar o ano com 19 endereços nacionais, prepara para julho sua estreia em terras estrangeiras. “Dubai será nossa primeira experiência de showroom no exterior. A Flórida ainda é o mercado mais óbvio, mas fizemos um estudo muito focado e optamos por começar em Dubai, que atualmente fervilha design”, relata André Rivkind, CEO da marca. 

A nova loja ocupará uma esquina de quase 3 mil m², em uma casa de 1.700 m² que contará com uma vitrine em um cubo de vidro. “Vai ser a loja de móveis mais bonita de Dubai. A primeira a assinar nossa vitrine será a arquiteta Fernanda Marques, e a ideia é termos vários arquitetos importantes como parceiros”, adianta Rivkind. Segundo ele, Dubai será a flagship da marca para expandir para outros países (sozinha, a loja deve representar 10% do faturamento da empresa). Na mira estão cidades dos EUA, América Latina (México, Colômbia, Peru, Bolívia), Arábia Saudita, Israel e Europa. “A meta é termos ao menos dez lojas fora do Brasil dentro de cinco a sete anos e metade da nossa produção sendo destinada ao mercado internacional”, revela. 

Projeto Breton em Dubai, onde nova loja irá ocupar esquina com quase 3 mil m² - Foto: Divulgação/Breton

Ainda este ano, uma terceira marca brasileira desembarcará em Dubai, em uma importante galeria de arte: a Etel abrirá um showroom na cidade, o terceiro da empresa e o primeiro no Oriente – embora a marca de mobiliário de luxo com design autoral mantenha conexões com o Líbano desde 2018. “Isso é fruto da nossa atuação em Milão, onde estamos desde 2017 com uma galeria própria, além de Houston, nos EUA, desde 2019. Estarmos baseados em Milão, que é o centro desse mercado na Europa, facilita muito o trato com outros países”, considera a CEO da marca, Lissa Carmona, que já anuncia uma grande exposição também em Dubai em 2024. 

Mostra da ETEL em Milão, na Itália, na Semana de Design de Milão 2023 - Foto: Filippo Bamberghi

Para ela, que viaja o mundo há décadas divulgando o design brasileiro e conquistando parceiros de negócios, a hora é boa para pensar em novos mercados. A Etel tem representantes em Nova York, Miami, Toronto, Londres, Seul, Tóquio, Sydney, Rússia e Líbano, sem esquecer os clientes fiéis na Polônia e na Bélgica. Além disso, Lissa conta que de cada dez orçamentos feitos em Milão, um é para a China. “É sem dúvida uma potência muito significativa. Sempre olhei para o país como a nova rota da seda e vou para lá em breve estudar melhor as possibilidades e entender como funciona o lugar e esse mercado”, relata. 

Mostra da ETEL em Milão, na Itália, na Semana de Design de Milão 2023 - Foto: Filippo Bamberghi

De olho na Europa e América Latina

Espaço da Evviva - Foto: Moskow

Com mais de 25 anos no mercado, a Evviva (do Grupo Bertolini), especializada em móveis de madeira MDF e MDP de alto padrão, traça uma rota particular de expansão internacional. Contando com 32 franquias no Brasil, além da indústria em Bento Gonçalves, a marca abriu duas lojas no exterior recentemente: uma em Ciudad del Leste, no Paraguai, e outra em Cascais, Portugal. “Temos negociações avançadas para Miami e Texas até o fim do ano e também abriremos lojas na República Dominicana, Panamá e Uruguai ainda em 2023”, conta o diretor executivo Diego Machado. 

Segundo ele, os dois países da América Central estão em grande expansão de resorts e de todo um mercado de luxo no Caribe, com forte atuação do setor da construção civil, o que acaba também impulsionando o mercado de decoração e design. Os planos no exterior são audaciosos: aumentar de 4% para 15% a representatividade das exportações nos próximos três anos. E será que o Oriente Médio também está na mira? “Primeiro queremos consolidar os negócios na América Latina, mas acreditamos que o Oriente seja o futuro”, pondera Machado. 

Espaço da Evviva - Foto: Moskow

Potencial de crescimento

De acordo com a ABIMÓVEL, a indústria moveleira brasileira está entre as que mais têm certificações que comprovam práticas de sustentabilidade em seus processos: cerca de 98% das empresas exportadoras têm algum tipo de certificação, condição sine qua non para quem deseja exportar. Além disso, o setor também faz parte do Pacto Global da Organização das Nações Unidas, seguindo seu Guia de Sustentabilidade. “A competitividade do design brasileiro está na criatividade dos seus designers, na identidade cultural do país e na sua riqueza em recursos materiais, sejam eles as mais de 20 mil espécies de madeiras nativas como também a lã, as fibras, rochas, entre tantas outras matérias-primas, trabalhadas artesanalmente”, considera a diretora executiva da entidade, Cândida Cervieri. 

Para quem já está traçando planos, as estimativas de especialistas em inteligência de mercado são uma dose extra de ânimo: nada menos do que um potencial de US$ 1,1 bilhão nas exportações brasileiras no setor. Agora é acertar a bússola e se aventurar (com muito planejamento, é verdade) em novos territórios. 

Veja o conteúdo original aqui: https://casavogue.globo.com/negocios/noticia/2023/06/marcas-brasileiras-mobiliario-expansao-negocios.ghtml