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EUA ampliam sobretaxas sobre produtos brasileiros; aço e alumínio são mais uma vez afetados

Depois do anúncio da tarifa de 50% sobre uma série de produtos brasileiros em julho de 2025, o governo dos Estados Unidos avançou em suas medidas e, em 19 de agosto, ampliou o alcance das sobretaxas sobre o aço e o alumínio. O Departamento de Comércio incluiu 407 novos códigos tarifários na lista de itens considerados derivados desses insumos, estendendo a aplicação da Seção 232 também ao conteúdo de aço e alumínio em produtos finais.

Plano Brasil Soberano

Em 13 de agosto, dias antes da nova medida americana, o governo brasileiro havia lançado a Medida Provisória nº 1.309/2025, que institui o Plano Brasil Soberano para mitigar os impactos das sobretaxas.

O programa prevê R$ 30 bilhões em crédito pelo Fundo Garantidor de Exportações, ampliação de garantias para micro, pequenas e médias empresas, prorrogação de tributos no regime de drawback, prioridade no ressarcimento de créditos tributários e possibilidade de diferimento de tributos federais. 

Também estão previstas compras públicas simplificadas de alimentos taxados para escolas e hospitais, exigência de manutenção de empregos como contrapartida para acesso ao crédito e a criação do Peac-FGI Solidário, voltado a exportadores e municípios em calamidade pública. Parte das medidas ainda depende de regulamentação infralegal.

Brasil leva disputa à OMC

No plano internacional, o Brasil abriu frente na OMC (Organização Mundial do Comércio). Em 15 de agosto, os Estados Unidos aceitaram o pedido brasileiro de consultas sobre as tarifas da Seção 232. Embora Washington sustente que se trata de tema de segurança nacional — fora do escopo da entidade —, concordou em iniciar o diálogo.

Já em 18 de agosto, no prazo final da investigação sob a Seção 301, o governo brasileiro protocolou manifestação junto ao USTR (Escritório do Representante Comercial dos EUA). No documento, negou adotar práticas discriminatórias, pediu um diálogo construtivo e alertou que medidas unilaterais americanas ameaçam o sistema multilateral de comércio e podem comprometer a relação bilateral.

Repercussões econômicas

As medidas comerciais têm reflexos imediatos em indicadores globais. Nos Estados Unidos, o Índice de Preços ao Produtor avançou 0,9% em julho, maior alta mensal desde março de 2022, acumulando 3,3% em 12 meses

No Brasil, o real valorizou 0,6% na última semana e já acumula alta de 12,9% em 2025 frente ao dólar. No cenário internacional, o índice DXY, que mede a força do dólar diante de uma cesta de moedas, recuou 0,3% na semana e acumula queda de 9,8% no ano.

Reação empresarial

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) acompanha de perto o cenário. A entidade enviou contribuições à consulta pública da Seção 301, defendendo que o Brasil não adota práticas desleais e que a relação comercial deve ser conduzida por canais de cooperação.

Para setembro, a entidade organiza uma missão empresarial aos EUA, liderada por seu presidente Ricardo Alban, com o objetivo de estreitar o diálogo com o setor privado norte-americano e influenciar a agenda econômica bilateral.

 

(*) Com informações da CNI

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