“A humanidade nunca teve tanta informação para antecipar problemas e dificuldades e com isso, contorná-las e vencê-las”
Há tempos se fala no comportamento do consumidor. Exigente, criterioso e dotado de informação. Ele é quem dita os caminhos do mercado e a era digital trouxe uma enorme transformação. Esse cenário, no entanto, é passado? O que vivemos hoje, aliás, não indica o amanhã?
Em nossa palestra “O que o setor moveleiro pode esperar para a próxima década” (que integra junto com a palestra Marketing Digital: Desafios e oportunidades, apresentada por Kika Fazollo), iniciamos com um frase de impacto que diz: O futuro é passado no presente”.
Lembro bem de uma professora de português que tive em Uberlândia (na época Faculdades Integradas do Triangulo, hoje UNIT), que dizia que “o sentido está naquilo que o interlocutor quis dizer, e não necessariamente no que foi entendido”.
Voltando para a frase: De forma dialética pode ter mais de um sentido, no entanto o sentido que quisemos passar foi: “salvo exceções nada do que estará no orientando no futuro não terá sido alertado ou antecipado no tempo presente, ou mesmo que já não tenha sido indicado no passado”.
Se é assim por que então muitas vezes somos “surpreendidos” com as mudanças? Mudanças, aliás, que muitas vezes impacta nossas crenças, valores e mesmo nossos negócios com uma intensidade tão grande que chega até nos atingir de forma demolidora?
Uma das razões para que isto aconteça é que ignoramos os sinais. Fazemos isto tanto por otimismo exagerado. Aquela crença arraigada de que se acreditarmos que venceremos com otimismo, mesmo com as dificuldades que cruzarem nossos caminhos. Ou então por ignorar os sinais presentes tanto nos meios de comunicação, nas consultorias, no próprio comportamento da sociedade. Mesmo que por desconhecimento.
Às vezes até mais preocupados em criar um bunker de resistência às mudanças, do que encará-las, enfrentá-las e se adaptar para o bem tanto pessoal como do seu negócio às novas tendências. O fato é que nunca a humanidade teve tanta informação para antecipar problemas e dificuldades e contorná-las e vencê-las.
Uma informação que irá impactar as nossas vidas e o jeito de fazer negócios já na próxima década que temos ignorado é a ascensão da classe millennials. Veja, um levantamento realizado pela Today analisa o comportamento dos millennials no mercado imobiliário:
• Millennials representam 25% da população brasileira;
• 80% desse público preferem alugar a comprar imóvel;
• 82% dos millennials afirmam ter smartphone.
Fazem parte da geração de novos consumidores, chamados de millennials, pessoas que nasceram após a década de 80. Em outras palavras, a visão de mundo e de viver desta nova geração de cidadãos é assustadora para todos aqueles que insistem em olhar para sua vida e negócio como fazíamos antes no passado.
Quem não se lembra? Comportamento social? Tudo que chocava era colocado como anomalia e sujeito a todo tipo de cerceamento. Até que isto funcionou durante um período. A notícia nova é que não funciona mais. Vivemos em tempos de diversidade em todas as suas possibilidades. Claro que todos nós ainda precisamos aperfeiçoar a forma de conviver com os novos valores sociais. Afinal, relatos indicam que a intolerância vem de ambas as partes (a nova ordem e a velha ordem).
Quanto ao mundo dos negócios, em especial para a indústria moveleira fica a questão. Como lidar com este fato tendo em vista que o empresário moveleiro no Brasil fez uma clara opção pela produção em escala? Como atender este novo nicho que cada vez mais da valor ao “ser” a cada vez menos ao “ter”. Comportamento que, por sua vez, tem implicações diretas na compra – ou diminuição significativa de imóveis.
Em contrapartida, valorização crescente por viajar, curtir a vida, criar animais, cada vez menos filhos. Em resumo, consequentemente indicação de redução da demanda para a indústria moveleira.
Estes são apenas um dos “drops” que devem, a partir de agora, bater cada vez mais forte à porta do setor moveleiro. No entanto não significa que tudo esteja perdido ou comprometido, muito pelo contrário. A empresas que melhor se adaptarem a estes novos tempos, tem todas as condições de ser grandes players das próximas décadas. Todavia, essa questão, não necessariamente tem a ver com o porte da empresa, mas sim com a adaptabilidade.
Carlos Bessa
Atuo há 25 anos no setor moveleiro de forma direta em todos os polos de produção moveleira do Brasil, tanto com indústrias como com fornecedores e lojistas. Tenho participação internacional nas principais feiras internacionais do mundo divulgando o móvel brasileiro. Uma das publicações foi premiada como o Top de Marketing da ADVB. Tenho atuação intensa na International Alliance of Furnishing Publications (IAFP, em português Associação Internacional das Revistas Moveleiras Especializadas) em que atuei como secretário-geral no período de 2014 a 2016, atualmente, sou Diretor Superintendente da Revista Móbile.
Fonte: eMóbile