ASSOCIATIVISMO COMO MINDSET
Maristela Cusin Longhi, nova presidente da Abimóvel, conta os desafios e objetivos à frente da entidade
Por Thiago Rodrigo
“O principal desafio (da Abimóvel), certamente, é a recuperação da cadeia produtiva de madeira e móveis, com crescimento planejado e sustentado”, declara Maristela.
A diretora da fabricante de móveis, Maristela Cusin Longhi, tornou-se a primeira mulher a assumir a Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel). A nova presidente da Abimóvel assume a entidade para a gestão 2019/2021 e, em entrevista exclusiva à Alternativa Editorial/Revista Móbile, conta os desafios, os objetivos e perspectivas da nova gestão.
Móbile Sob Medida | O que elenca como principais desafios da Abimóvel neste momento?
Maristela | O principal desafio, certamente, é a recuperação da cadeia produtiva de madeira e móveis, com crescimento planejado e sustentado. A competitividade, a representatividade e a imagem do setor também serão primordiais neste momento e, para isso, precisamos de um ambiente de negócios mais propícios e a compreensão pelo novo governo da real importância dos setores e cadeias produtivas, pois não conheço país ou economia forte, sem indústrias sólidas/potentes que gerem emprego e renda, investimentos em tecnologia e inovação.
Sob | Qual a preocupação da Abimóvel para com as marcenarias diante dos desafios desses e de outros pequenos negócios de móveis do Brasil?
Maristela | A mesma que tem com todas as empresas do setor. Hoje os problemas são inerentes e proporcionais ao tamanho das indústrias, ao seu mercado e aos seus clientes. Creio que as marcenarias tiveram grandes oportunidades nos últimos anos, ofertando serviços (muito valorizados hoje pelos nossos consumidores) e também puderam crescer em cima dos grandes problemas provocados pelos lojistas de lojas exclusivas, que de forma inescrupulosa lesaram muitas empresas e consumidores no Brasil.
Sob | Como a sustentabilidade, inovação e design estarão presentes nessa nova etapa da Abimóvel sob o seu comando?
Maristela | Esses temas são inerentes ao nosso trabalho: sem sustentabilidade econômica, social, ambiental e inovação nada sobrevive. O design aplicado à indústria, por sua vez, é uma ferramenta de competitividade, portanto um grande aliado para as nossas empresas buscarem novos mercados e fazerem frente a concorrência existente inclusive no mercado interno. Produtos diferenciados sempre terão uma performance melhor.
Sob | Em sua opinião, o que a geração do milênio quer em uma casa ou o que significa “casa” para a geração do milênio?
Maristela | Para mim, a geração do milênio representa uma disruptura tanto na concepção de produtos, quanto na forma de adquiri-los. Eles não dão mais o mesmo valor que dávamos para as nossas casas. Eles querem um lugar para morar, que seja funcional, clean, que atenda às necessidades com preço justo, pois dão mais importância ao conhecimento, às viagens, vida social e tranquilidade.
Vemos muitos jovens que optam por não comprar mais imóveis, optam pelo aluguel, pois são do mundo, hoje estão aqui e amanhã estão em outro país trabalhando. Não querem mais ter carros, pois o Uber é a opção vantajosa, prática, econômica e ágil, não precisam se preocupar com estacionamento, além de ser mais barato e mais funcional… Com isso, ganham tempo para gastar com outras atividades que lhes dão prazer. Há uma nova concepção de utilidade, de prazer e de valoração.
Sob | Como observa o futuro da indústria e do varejo de móveis e qual deve ser o papel da Abimóvel no novo cenário?
Maristela | A indústria tem que se reinventar a todo o momento, seja em função da Indústria 4.0, da inteligência e estratégia comercial, da inovação, do design integrado à indústria, do varejo e suas formas de vendas (online e físicas), na criação de produtos distintos para as diversas classes sociais, consumidores diferenciados e cada dia mais exigentes, segurança e serviços, entre outros.
Fonte: Revista Móbile Sob Medida