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Exportações moveleiras sobem em setembro, mas 3º trimestre é de desaceleração

Tarifaço dos EUA é o principal fator de retração

As exportações brasileiras de móveis e colchões registraram alta de 9,3% em setembro frente ao mês anterior, somando US$ 66,5 milhões, após um recuo expressivo de -14,5% na passagem de julho para agosto — mês de entrada em vigor das novas tarifas impostas pelos Estados Unidos a diversos produtos brasileiros. 

A medida, que elevou em até 50% as alíquotas de importação sobre diferentes tipos de móveis fabricados no Brasil, em especial os de madeira, atingiu o principal destino do setor e provocou impactos imediatos na produção, com paralisações e demissões nos polos moveleiros do país. 

Desde então, empresas exportadoras têm revisto rotas comerciais, estratégias de precificação e acordos de distribuição — contando com o apoio e atuação de iniciativas como o Projeto Brazilian Furniture, de organização da ABIMÓVEL (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário) em parceria com a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) —, num movimento que vem contribuindo para manter o fluxo exportador ativo diante de um cenário desafiador.

Um trimestre de perdas e reconfiguração

Apesar da reação em setembro, o terceiro trimestre de 2025 foi de desaceleração. O crescimento acumulado, que era de +7,0% de janeiro até julho, recuou para +5,7% em agosto e +4,8% até setembro (US$572,5 milhões no ano), evidenciando uma perda de 2,2 pontos percentuais no ritmo de expansão da atividade.

Os Estados Unidos seguiram como principal destino dos móveis e colchões brasileiros, mas em ritmo de queda, com 26,1% de participação entre janeiro e setembro, seguidos por Uruguai (11,1%), Chile (7,4%), Argentina (5,3%) e Paraguai (5,3%). A ampliação das vendas para países da América Latina e de outras regiões, tem ajudado a compensar parte da retração registrada nas exportações para o mercado norte-americano.

Entre os principais estados exportadores, Santa Catarina respondeu por 34,1% das exportações totais no período, seguido por Rio Grande do Sul (30,7%), Paraná (18,8%), São Paulo (13,2%) e Minas Gerais (1,4%). Juntos, esses cinco estados concentram mais de 98% das vendas externas do setor.

Fornecedores e máquinas: estabilidade e resiliência

Na cadeia de componentes, fornecedores e máquinas para móveis, o mês de setembro foi especialmente favorável: as exportações, que vinham em ritmo de queda até agosto (-3,51%), voltaram a crescer no mês seguinte, revertendo o cenário e acumulando alta de cerca de 0,9% entre janeiro e setembro de 2025 em relação a igual período no ano anterior. 

Os principais destinos ao final do terceiro trimestre foram os Estados Unidos (35,7%), a Argentina (12,5%) e Singapura (5,1%).

Entre os estados exportadores, São Paulo (29,7%), Paraná (27,0%) e Santa Catarina (21,2%) lideraram.

Atualizações sobre o tarifaço

No cenário diplomático e regulatório, o Senado dos Estados Unidos aprovou em 28 de outubro uma resolução para revogar as tarifas aplicadas sobre produtos brasileiros. Mas a medida ainda depende da aprovação da Câmara dos Deputados americana, de maioria republicana e alinhada a Donald Trump, mantendo posição possivelmente favorável à continuidade das sobretaxas — leia mais sobre o assunto aqui.

Já no contexto global, a investigação da Seção 232, conduzida pelos EUA sobre o setor moveleiro mundial, abrange vários países exportadores. O processo pode colocar o Brasil em condição mais equilibrada de competitividade, já que outras nações também enfrentam restrições semelhantes mais informações sobre o assunto estão neste artigo

Ao mesmo tempo, muitas outras movimentações continuam ocorrendo. Em 05 de novembro, juízes da Suprema Corte dos Estados Unidos levantaram dúvidas sobre a legalidade das amplas tarifas impostas pelo governo Trump, e agora devem deliberar sobre o caso. 

Paralelamente, os chanceleres Mauro Vieira (Brasil) e Marco Rubio (EUA) se encontraram em duas ocasiões na última semana (12 e 13 de novembro) e confirmaram  o envio de uma proposta formal ao governo americano para renegociar as tarifas impostas aos produtos brasileiros. Os encontros ocorreram no Canadá e nos EUA, reforçando o avanço técnico e a expectativa de resposta dos Estados Unidos até a próxima semana.

Implicações e reconfiguração do mercado exportador brasileiro

Enquanto acompanha as negociações e o desenrolar dessas movimentações, o setor moveleiro brasileiro passa por um realinhamento comercial, que começa a diversificar seus destinos e reduzir a dependência histórica do mercado americano. 

O chamado “tarifaço” funcionou como um impulsionador na busca de novos parceiros regionais e internacionais – movimento já privilegiado por iniciativas como o Projeto Brazilian Furniture –, levando empresas de diferentes polos do país a adaptarem suas estratégias exportadoras: desde a logística e os padrões produtivos até o posicionamento de marca e os acordos comerciais firmados.

Mais pontualmente, a crescente relevância de mercados vizinhos, como o Uruguai e a Argentina, representa tanto um desafio quanto uma oportunidade. Se, por um lado, a perda de espaço no mercado norte-americano pressiona margens e preços; por outro, a ampliação da presença regional pode significar menor vulnerabilidade a barreiras externas, custos logísticos mais competitivos e maior integração comercial sul-americana.

Esse movimento reforça ainda como decisões de política comercial internacional, especialmente nos EUA, têm impacto direto sobre as cadeias produtivas regionais brasileiras, exigindo rápida adaptação das empresas em aspectos de design, qualidade, sustentabilidade, custo e compliance para manter sua competitividade global.

Oportunidades de internacionalização

Em tempo, duas Consultas de Interesse para edições do Projeto Comprador — ação do Projeto Brazilian Furniture que conecta empresas brasileiras a compradores internacionais qualificados — estão abertas.

O Projeto Comprador ForMóbile 2026, que ocorrerá em julho do próximo ano, é realizado pela ABIMÓVEL em parceria com a ApexBrasil, por meio da Vertical de Componentes, Fornecedores e Máquinas. As inscrições para as rodadas de negócios estão abertas até 10 de dezembro de 2025clique para acessar o formulário.

Já o Projeto Comprador Yes Móvel Show São Paulo 2026, previsto para março, é voltado a fabricantes de móveis e está com inscrições abertas até 25 de novembrosaiba mais aqui.

Mais oportunidades para ampliar conexões e fortalecer negócios no mercado global.

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