
A nova edição da “Conjuntura de Móveis”, estudo elaborado pelo IEMI para a ABIMÓVEL (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), aponta que a indústria brasileira de móveis e colchões manteve trajetória positiva no primeiro semestre e início do segundo. Entretanto, o consumo de bens duráveis enfraquecido no varejo doméstico e o cenário internacional conturbado na segunda metade do ano – sobretudo em decorrência do “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos – indicam um período de atenção para o restante de 2025.
O volume de produção de móveis e colchões alcançou 39,7 milhões de peças em julho deste ano, representando alta de +12,8% em relação a junho. Ainda assim, o avanço acumulado no ano desacelerou — passando de +2,6% no primeiro semestre para +1,8% até julho. Em 12 meses, a produção soma expansão de +5,5%.

Em paralelo, a receita da indústria moveleira atingiu R$ 8,6 bilhões em julho, com avanço de +13,5% sobre o mês anterior. O indicador também se mantém em terreno positivo no acumulado: +6,8% no ano e +10,9% em 12 meses, sustentado por ganhos de produtividade, modernização fabril e preços médios mais elevados.
Consumo aparente e participação dos importados
O consumo aparente de móveis e colchões — que representa o total de produtos disponíveis no mercado interno — acompanhou a expansão da produção, somando 39,7 milhões de peças em julho, alta de +12,6% em relação ao mês anterior. No acumulado de janeiro a julho, houve crescimento de +1,7% frente ao mesmo período de 2024 e +5,1% em 12 meses.
A participação dos produtos importados no mercado brasileiro foi de 4,9% em julho, demonstrando leve aumento em relação aos meses anteriores. O indicador segue sob monitoramento, especialmente em um contexto de ajustes nas exportações e maior volatilidade cambial.
Comércio exterior: retração nas exportações e reflexos no chão de fábrica
As exportações brasileiras de móveis e colchões somaram US$ 60,8 milhões em agosto, apresentando queda de -14,5% frente a julho (US$ 71,1 milhões). O resultado reflete os efeitos diretos do tarifaço imposto pelos Estados Unidos – que chega a 50% para a maior parte do mobiliário produzido no Brasil –, em vigor desde 6 de agosto de 2025, impactando de forma imediata as empresas com maior dependência do mercado norte-americano, principal destino do setor.
Com isso, o crescimento acumulado das exportações, que até julho era de +7,0%, passou para +5,7% até agosto, enquanto a variação em 12 meses manteve-se em +7,8%.
O impacto das novas tarifas também começou a se refletir no nível de atividade e no emprego industrial. Desde julho, algumas fábricas com foco exportador reduziram turnos ou suspenderam temporariamente suas operações, em razão da necessidade de readequação de contratos e estoques. Como resultado, o setor registrou queda de -0,4% no número de trabalhadores em julho, o primeiro recuo após seis meses consecutivos de alta.
Ainda assim, o saldo de empregos permanece positivo no acumulado do ano (+7,1%) e em 12 meses (+5,9%).
No fim de setembro, o governo norte-americano anunciou um novo pacote tarifário sobre madeira e móveis, com entrada em vigor prevista para 14 de outubro de 2025.
Investimentos
Os dados indicam, contudo, que apesar do momento de ajustes, os investimentos em modernização produtiva realizados ao longo do primeiro semestre mantiveram-se no início da segunda metade do ano, com crescimento de +44,4% entre janeiro e agosto de 2025 frente a igual período no ano anterior (este crescimento era de +43,9% até julho).
Os segmentos com maior destaque foram:
Máquinas para desbastar, aplainar e fresar: +70,4%
Máquinas para esmerilar, lixar e polir: +66,8%
Varejo: melhora pontual em julho, mas consumo ainda contido
O varejo de móveis e colchões apresentou melhora em julho, após um segundo trimestre mais fraco. Foram vendidas 32,6 milhões de peças, alta de +8,5% em relação a junho. No acumulado de janeiro a julho, as vendas ainda recuam –3,9%, mas em 12 meses voltaram ao campo positivo (+0,7%).
Em valores, o varejo somou R$ 10,7 bilhões em julho, crescimento de +9,0% no mês. Frente ao mesmo período de 2024, há leve retração de –0,8%, enquanto em 12 meses o setor acumula alta de +3,3%.

De acordo com o IPCA/IBGE, os preços do mobiliário subiram 0,49% em agosto, acumulando +3,18% no ano e +5,26% em 12 meses, refletindo ajustes moderados e compatíveis com o comportamento geral dos bens duráveis no país.
Perspectiva setorial
Os resultados de julho e agosto confirmam a fase de transição vivida pela indústria moveleira brasileira. Apesar dos bons números do primeiro semestre e da continuidade dos investimentos em modernização, a desaceleração das exportações e o consumo interno ainda contido apontam para um cenário de prudência na segunda metade de 2025.
Para o presidente da ABIMÓVEL, Irineu Munhoz, é um momento de “monitorar com atenção as transformações no comércio internacional e seguir trabalhando pela melhoria da competitividade e a busca por novos mercados”.
A entidade segue atuando em diversas frentes — incluindo o Projeto Brazilian Furniture, de incentivo à internacionalização, em parceria com a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos); o PDCIMob (Projeto de Desenvolvimento, Competitividade e Integração do Mobiliário); junto ao Sebrae Nacional (Serviço brasileira de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), bem como o Programa de Normalização de Móveis, desenvolvido com a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas); entre outras ações para fortalecer a indústria nacional, ampliar a presença internacional e alinhar indústrias de todos os portes e regiões às melhores práticas globais de sustentabilidade, inovação e design integrado.

A íntegra da Conjuntura de Móveis – Setembro/2025 está disponível no acervo digital da ABIMÓVEL: abimovel.com/capa/acervo-digital
MÓVEIS: O NOSSO NEGÓCIO!
Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (ABIMÓVEL)
Assessoria de Imprensa — press@abimovel.com | 14.99156-0238