Um dos mais importantes segmentos da indústria nacional, o setor moveleiro tem demonstrado força no mercado global – mesmo diante da concorrência internacional, além de mudanças estruturais no comércio e na evolução do consumo.
Contudo, qual é o panorama atual e as perspectivas para se manter relevante no cenário interno e no mercado de exportações?
Foi sobre isso que Cândida Cervieri, diretora-executiva da ABIMÓVEL – Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário debateu com o público do Palco ForMóbile (Feira Internacional da Indústria de Móveis e Madeira) durante a tarde do dia 08 de julho, num painel exclusivo com o tema “O mobiliário brasileiro no contexto global da indústria de móveis”. Compartilhando, então, dados e análises essenciais para a identificação de oportunidades no mercado interno e externo.
Entre outros fatores, a palestra levou um panorama das exportações de móveis brasileiros, focando nos designs originais e nos projetos promovidos pela associação. Cândida enfatizou que “o móvel brasileiro tem espaço, e já está presente em 172 mercados”. Embora a maior parte das exportações seja para os Estados Unidos, designers e indústrias brasileiras vendem para todos os continentes, atendendo demandas específicas em cada um deles.
A qualidade da madeira brasileira, o alto volume de espécies – temos a maior xiloteca (uma espécie de biblioteca de madeiras) da América Latina – e a preocupação com manejo sustentável e certificações ambientais são fatores que qualificam o Brasil para ganhar cada vez mais mercado.
A diretora-executiva da ABIMÓVEL lembra que há 10 anos apenas uma indústria brasileira participava do Salão de Milão, um dos principais eventos do setor no mundo. Neste ano, ao todo, foram 10 marcas brasileiras em exposição e em 2023 pode chegar a 15.
Vale ressaltar que a ABIMÓVEL vem desenvolvendo uma série de projetos para fomentar o mercado moveleiro. Um exemplo é a parceria com a ApexBrasil em diversos eventos, mostras e missões comerciais ao redor do mundo, tal qual a CASA BRASIL, projeto de exposição internacional de móveis e outros produtos brasileiros realizada em paralelo aos tradicionais salões e eventos da Semana de Design de Nova York. Durante a última edição foram movimentados mais de R$ 47 milhões em negócios fechados e prospectados pelas empresas do Projeto Brazilian Furniture que participaram do evento..
Mas para que o móvel brasileiro chegue ao mercado internacional com diferencial competitivo, as ações começam aqui no Brasil, buscando meios de otimizar e inovar no chão de fábrica, na gestão e na forma de se pensar os produtos. Com foco nisso, Cândida também ressaltou a importância de programas, como o de design integrado à indústria — Design Brasil + Indústria —, realizado por meio do Brazilian Furniture, conectando designers contemporâneos às fábricas de móveis para a criação de novas peças, coleções e releituras com design assinado, alto valor agregado e desenvolvimento sustentável.
Sustentabilidade, aliás, que se coloca como um dos maiores diferenciais competitivos da indústria brasileira de móveis no mercado global, com cerca de 99% das empresas exportadoras dispondo de algum tipo de certificação.
O uso de madeira certificada, da gestão ou de manejo sustentável é hoje uma obrigatoriedade para exportação de móveis de origem madeireira, bem como o não uso de substâncias não restritas, como é o caso de metais pesados. Isso tem exigido que as empresas para se tornarem mais competitivas adequem seus processos produtivos e a utilização de matérias-primas de acordo com esses novos padrões de mercado.
Veja alguns dos principais indicadores da indústria brasileira de móveis apresentados durante a palestra: